quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O nosso inimigo número 1

Minhas senhoras e senhores, sempre descrevi de forma pejorativa o comportamento das senhoras na nossa loja. Pois fiquem vocês sabendo que existe espécie pior. É aquela espécie que vai lá mexe, mexe e mexe e não compra nada! Às vezes até compram. Pois bem! Chega de suspense. A espécie que eu falo desta vez é o amigo gay que vai às compras com a(s) amiga(s). Por norma, ela (a amiga) é sempre um aborto. Gorda com borbulhas ou magra muita feia de óculos. Não me perguntem porquê, mas é a pura da verdade. Não sei se existe alguma relação de dependência de gays com amigas gordas ou amigas magras mas feias mas a realidade é esta. É raro a rapariga bonita que aparece com um gay para ir às compras. Pensando um pouco até se percebe o motivo. É que uma rapariga bonita e bem vestida não precisa de dicas de ninguém. E cada vez que eu vejo um gay (bicha) na minha loja fico extremamente apreensivo. Primeiro, gosta de se fazer notar. Fala alto de forma abichanada, gesticula muito e também têm todos um fisíco parecido. São três tipos: Nelo, badocha tipo Herman versão Nelo (ou só mesmo Herman), Bailarino, Marques, magro que nem um bangladechiano, Monchique, é magro mas depois tem pança. Os badochas vestem-se mal como tudo! Roupa básica com cores berrantes, e andam sempre com uma malinha a tiracolo, tudo da spfd.De vez em quando reina uma camisa floreada toda espanpanante. Os pançudos e os magros, por norma vestem-se bem , tipo fashion (adoro esta palavra, acho tão pimba) e amam tudo. São sósias do Cláudio Ramos vai se lá saber porquê. Só os oiço a chamar a amiga "oh Vanessa anda cá ver este vestido. Amei! Lindo, assim muito Gucci na época do Tom Ford e este? Amei amei amei, que fofura! Ias ficar um tchan! Este cor de cloral a fugir para o salmão é estupendo! Faz-me lembrar as colecções de Lagerfeld Outono/Inverno de 97. Colossal! É a nova moda! E este azul cerúleo? Muito Yves Saint Laurent..." Adoram dar a entender que percebem de moda. Nem que para isso tenham de decorar nomes de cores fora do comum e nomes de designers. As peças de roupa começam-se a acumular nos seus bracinhos como se não existisse limite de peças nos provadores. E vai de tudo. Um guarda roupa inteiro. Elas entram nos provadores com as peças e eles esperam fora das cabines, sempre cheios de calor. Lá se abanam todos e dizem-me "tá um calor que não se pode". Já chegaram inclusivé a sacar dum leque da sua pochete. A trolha da amiga lá se veste e quando abre a porta dos provadores é só desaprovações. "Não gosto muito! Mas com o acessório adequado pode ser luminoso." Mal oiço esse tipo de comentários começo a bufar, pois já sei que a peste vai pôr a loja do avesso para encontrar qualquer penduricalho para enfeitar o espantalho da amiga. Passado 20 minutos lá vem a "Sr. Dona" com mais 3 ou 4 peças e muitos acessórios. Sim porque eles adoram acessórios! Malas, fios, cintos, brincos, são acessórios que impingem às amigas como se duma Kate Moss se tratassem. Eu adoro ver o produto final, porque elas parecem verdadeiras árvores de Natal com tanto penduricalho. É que eles de certeza que pensam que as senhoras vão desfilar. Estão a imaginar aqueles desfiles que vemos em que nenhuma mulher de perfeito juízo andaria assim vestida por Lisboa? Pois bem, é assim que as vestem... Parecem faizões com tanta cor. Enfim! E o mais grave é que as amigas compram. Lá devem pensar " ele é gay, logo percebe de moda." E lá vão todos contentes para a caixa, ele sempre com aquele andar característico de Naomi Campbell a falar aos berros, para ter a certeza que é mais que bem visto.... E se na caixa está um homem a atendê-los está tudo fodido. Começam com as graçolas e sorrisos a ver se pega. Pode ser que o caixeiro seja gay e que com sorte ainda o veja no Finalmente. Ou pior, a gorda e o gay disputam o prémio. Ela diz que o rapaz não parou de olhar para as mamas dela e o gay diz que o rapaz é gay só que ainda não sabe.
Enfim, aquela loja é uma feira das vaidades.
P.s: há uma rapariga muito gira, muito mesmo, só que vai sempre acompanhada por um rapaz. Gostava que ele fosse gay, mas não tem ares disso. Será que é uma nova raça, ou serão namorados discretos? É que ela é muito gira.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Ok, eu também tenho uma veia saldeira!

Parece-me mal estar sempre a cascar em vocês, portanto vou-vos contar o que é que eu comprei nos saldos. Sim, também fui aos saldos, mas não desarrumei tudo como vocês. Demorei o máximo 20 minutos numa loja e cinco noutra. Primeiro enfiei-me num centro comercial, a horas decentes (7 da tarde, porque eu não sou como vocês que vão a um centro comercial às 11 da noite). Escolhi um centro comercial bem calminho para não ter de lutar com quem quer que seja por uma peça de roupa. Fui com um espirito open minded. Não precisava de nada e tudo que achasse que valeria a pena compraria. Resolvi dar primeiro uma vista de olhos em geral em todas as lojas para não me arrepender mais tarde. Primeiro entrei na H#M, depois na Z#ra, depois na Pull#Bear e depois na Bersh#a. Na Pull e na Bersh#a, sendo muito sincero, não vi nada de jeito. ZERO! Sinceramente eu nem compro lá nada em ambas as lojas. A Bersh#a para mim é roupa muito colorida e a roupa de senhora parece roupa para cabeleireiras. A pull é um estilo muito Skaterboy, também não lhe acho muita piada. Voltei à H#m e comprei uma camisola de lã merino por dez euros. Quando a vi, não dei nada por ela, mas vestida é muito gira. Tem um estilo vintage engraçado. Tem um padrão tipo pie d'poule cinzento e preto. Acabei pro trazer 2 cardigans (um cinzento e roxo), dez euros cada, muito giros. Mais giro que o da Cheyen#e que tinha visto por 40 Euros. Depois comprei, ainda na H#M, uma murse de pele por 15 euros. Ah e uns óculos pindéricos horriveis como tudo, pretos e laranja, enormes, para o gozo, por 1,90 euros. Achei que me iam fazer falta para sair à noite um dia que me apeteça avacalhar com o pessoal. Na z#ra apenas comprei um gorro por 5,95 euros. E foi só! E não deixei nada desarrumado. Aprendam comigo senhoras. Da próxima vez, vou escrever sobre o inimigo acima de mulheres na minha loja. O amigo gay, que vai às compras com a amiga para dar umas dicas.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

As tias do Pragal


As tias do pragal são uma espécie, outrora rara, agora em expansão, que frequentam a nossa loja. Moram na zona da estação de comboio do Pragal, naqueles prédios rosa que lhes foram deixados por herança de um tio afastado , vulgo Câmara Municipal/Bairro Social, e como são quase todas divorciadas moram lá com os rebentos de uma longa duração (2 anos, mas isto de levar porrada dos maridos construtores que chegam bêbados a casa depois de uma noite num bar de alterne mensura décadas de vida de uma dona de casa dedicada/desesperada).Elas são as nossas clientes “habitués”, que vão ao centro comercial todo o santo dia e compram muitos acessórios e bijutaria. Tudo o que seja écharpe tigresse ou ponchos com pompons é ouro sobre azul. Nada de vestuário, é muito caro e isso há na praça e na loja dos chineses.
Esta espécie tem traços que as distinguem facilmente das demais frequentadoras da nossa loja. Uma delas é o seu bronze exagerado, conhecido pelos dermatologistas como reacção alérgica da pele a auto bronzeadores baratos provenientes do Bangladesh. Sem excepção à regra, são todas loiras. Loiro platinado ou loiro noja, para contrastar com o seu bronze “natural” e apesar de rondarem a casa dos 30 aparentam serem 15 anos mais velhas. As tias do Pragal também abusam na maquilhagem: high liners, olhos “borrados” de preto ou cores berrantes, bases escuras para acentuar o seu bronze que ganharam nas “Seicheles”, e os lábios bem pintados com cores vivas. As unhas têm de ser de gel, com cores berrantes, feitas no anexo da brasileira que mora na porta ao lado, que, por sua vez, trabalha como manicura num cabeleireiro qualquer com o nome Beta Cabeleireiros. Por favor, tomar atenção ao S da palavra Cabeleireiros. Não pode ser Cabeleireiro, tem de ser Cabeleireiros. Enfim parecem uns verdadeiros, Pinguins Saltadores da Rocha com tanta cor.

Para uma fácil identificação entre elas, usam uma linguagem única e só por elas compreendia. Para isso, tem que se ser a mais espalhafatosa possível. Falar aos altos berros gesticulando-se todas. Não há "tempo" para ir ao ginásio então assim lá ginasticam as peles pendentes no tricep. Tia do Pragal que se preze tem sempre que usar sempre a palavra amori quando se fala com um funcionário da loja, usar a expressão demodé tá a ver e acha normal, meter-se sempre com um funcionário masculino quando este o atender na caixa (piscar-lhe o olho, contar umas piadolas, mostrar o decote, ralhar com as filhas, ou dizer que massada que isto de andar às compras tem muito que se lhe diga). Ao falarem tem de abrir muito a pouca para acentuarem “correctamente” as palavras. Quando acompanhadas com os seus trambolhos (vulgo Cátia Vanessa, Carla Sofia, Fábio, Ruben, etc.), conseguem atingir o auge da parvolhês. Isso porque as crianças são obrigadas, por comodidade dos pais, a permanecerem até às 8 da noite no colégio/liceu (vulgo centro comunitário/centro de apoio à criança/centro de apoio às mães solteiras/escola básica e até reformatório) e depois quando se vêm em ambientes menos hostis têm sempre de dar o ar da sua graça. Têm a mania de se armarem em autónomas e experimentarem tudo o que lhes aparece à frente, mexer nas manequins/montra, deixarem a roupa no chão, brincar a apanhada e ao arremesso do objecto mais pesado que encontrarem que consiga matar alguém caso lhe acerte com aquilo na cabeça. Quando se fartam (passado 3 horas), as crianças começam a berrar com as mães para se irem embora, vulgo mãe vamos para casa, já! Senão volto pá casa do pai e perdes a pensão e quero ver como é k te sustentas sem trabalhar. Por sua vez, a mãe retorque com um ai pá não sei o que se passa com esta criança! nunca foi assim de ser respondona e se portar assim. Deve ser do colégio ou então está traumatizada por ter os pais divorciados, piscando-me o olho. Já na caixa, na altura de pagar também são elas, as crianças, que o fazem. Lá vão buscar o cartão da mãe e digitar o código pin, todas contentes. É que têm de aprender logo de pequenas a lidar com estas situações, não vão elas emprenhar aos 14 como a mãe e ter de ficar em casa a cuidar da criança pois quem sai aos seus não degenera.
As tias do Pragal adoram esquecer-se de comprar algo, e quando finalizo a venda, lembram-se que falta qualquer coisa e vêm com a história do costume: oh! Esqueci-me das calças, só um momentinho que eu vou buscar!
É claro que depois se acumula uma fila enorme porque pelo caminho ainda têm de ver outros itens! Eu tenho cá para mim, que elas fazem de propósito só para mostrarem aos restantes clientes quem é que manda ali no estaminé.
Quando saiem da loja, têm de falar ainda mais alto e a fazer muito barulho com os sacos, para as restantes pessoas as verem como pessoas abonadas e ao mesmo tempo esta espécie sente-se realizada de terem toda a gente a olhar para elas. É que para elas, as pessoas olham-nas com inveja, por serem também belas e fashions ou porque as idolatram e adoravam ser como elas, e não por indignação.
A sua carteira também sofre ligeiras transformações. No início do mês está sempre recheada com notas, carteira de cheques e cartões Multibanco. A meio do mês só lá se encontra a carteira de cheques e cartão Multibanco. No final do mês é o cartão de crédito que reina, nem que seja para pagar um pack de meias a 6.90€. O que não pode por ficar por saciar é a sua sede de consumismo. Quanto à carteira de cheques, é uma questão de status quo, segundo elas. É que cheques, não sei porque carga de água, para estas madames, é sinal de poder de compra, ou de calotice. Elas bem tentam pagar com cheque, mas na nossa loja não aceitamos cheques. Fartos de caloteiras andamos nós.
A indumentária em geral é outro assunto que dá pano para mangas. As calças de gangas têm de ter o maior número de bolso possível, brilhantes ou lantejoulas a contornar os bolsos. Na parte de cima, é um vale tudo. Polares, t-shirts douradas, camisas tigresse com écharpes, peças adequadas para miúdas de 17 anos, enfim... Muito brinco cheio de penduricalhos, muitos chapéus e boinas à J.Lo. e o pior de tudo: o calçado. Este varia de botas bicudas, de salto agulha, a Ugg da loja dos chineses, ténis Naike da Seaside, etc.
Para além dos centros comercias, este ser também se pavoneia em tudo o que é loja dos chineses, mini-preço e Lidl (undercover). Todo o santo sábado é vê-las na feira de Corroios, para saberem a próxima imitação ou roupa contrafeita, undercover também.

Aonde nunca se encontra uma Tia do Pragal: vernissages, inaugurações, estreias, revistas cor de rosa, restaurantes (Mc Donalds e o Pateo não contam), Sintra e Cascais, Discotecas (sem ser o Kaxaça e o HK)! Jamais Salomé!
Espero que tenham ficado esclarecidos sobre este case study mas é que esta espécie tomou tamanha dimensão que acho que de deve debater tal assunto.
Só mais uma coisa.! Posso ter exagerado um pouco no que toca ao seu habitat. Não quer dizer que sejam mesmo do Pragal. Mas tias da Costa e da Verdizela, que é pelo o que se tentam passar, é que não são. No máximo dos máximos, pelo seu comportamento são tias assim, sei lá, da Cova da Piedade ou do Feijó!

sábado, 5 de janeiro de 2008

Para todas as saldeiras existente em vós....

Para quem sofre desta febre (vírus) deve estar a rejubilar de alegria. Pois é, chegaram os saldos, e com eles, as invasões aos centros comerciais. Até aos domingos de manhã vocês vão às compras... Não têm de cozinhar para os maridos, ir à praça ou à missa? Ah tá sol e tal, vamos todos para o centro comercial!!! Aí é que estamos todos bem... Ar puro, bela paisagem... E agora com os saldos, veio mesmo a calhar. Vamos mexer em tudo o que encontrarmos, não vá alguma cliente esconder uma peça de roupa em saldos que seja o nosso número.
Tudo bem, querem ir à compras tudo bem, agora não desarrumem só por desarrumar e não experimentem roupa se nãp têm nem sequer dinheiro para as pagar. Suas tesas! E armadas em tias ainda por cima. Éu depois descrevo-vos as tias do Pragal. São um amor!!!!
Bons saldos! E lembrei-se, não importa quanto custa, mas sim o que custava e o que custa agora!