Uma cliente pé de chinelo começou a frequentar o estabelecimento onde labuto e gosta de atendimento personalizado. E pedia-me sempre a mim para a atender. É uma típica Cátia Vánessa da margem sul. Magra que nem uma lombriga, dentes tortos, cabelo espigado e cor de icterícia. Como comum sulista que é, fala alta e abrevia tudo. "Mês amigos, a gente vamos, e por aí adiante. Resumindo: andava à procura de um casaco de malha comprido mas apaixonou-se por um casaco de pelo. Não vestia mais do que o 32 e saiu de lá com um quarenta. O casado que era suposto usar-se pelo o umbigo e apertado ( moda à J.lo) ficava-lhe grande pa merda. Eu acho que ela queria fazer aquilo de um vison...Enfim! Continuando, tentei-lhe alertar que o casaco era para ficar justo mas ela dizia que lhe ficava apertado e que o corpo dela (que era nenhum) enganava. Que tinha adorado aquele casaco e que só gostava de coisas lindas, que tinha bom gosto, tinha comprado umas botas na benetton por 100 euros,que só usava roupa de marca (e estava a comprar roupa no meu local de trabalho). Conversa vai conversa vem e eu aturá-la mais a avó que tinha um bigode de meter inveja ao Obélixo e Antero de Quental juntos) pede-me descaradamente o meu número de telefone que assim quando houvesse coisas giras na loja que eu lhe telefonasse. Pois a partir daquela altura seria o seu personal stylish (coisa que ela nem conseguia dizer, não saía do personail). Fiquei sem reacção e só disse que o meu chefe não me deixava. Cigana que era retorquiu logo com um "então mas sabe lá o teu chefe se eu não sou uma amiga que não TE vê há muito tempo e que estamos a trocar o número de telefone?". Expliquei que nem isso podia fazer porque os clientes poderiam não pensar o mesmo blá blá blá. Entretanto a velha pergunta-me: "Olhe, não há aqui um sítio onde possa ir fazer uma mijinha?". Perdi as forças e desatei-me a rir.Lá foi a cliente com a velha a correr à procura de uma casa de banho e trocar as Lindor do minipreço. Com isto tudo estava a atendê-la fazia uma hora. Não é brincadeira. Acho que já tenho um lugarzinho no céu. E não é que passado 15 minutos a fulana voltou e veio com a mesma conversa. Que era muito simpática e que adorava sair e se divertir. Vi mesmo que a única maneira de a despachar foi dar-lhe um papel para ela me escrever o número de telefone dela. Toda contente escreveu e comprou a porcaria do casaco. E continuava a querer puxar conversa fiada mas entretanto disse-lhe que tinha de ir almoçar que se precisasse algo mais a minha colega a ajudava. Erro crasso! Convidou-me logo para ir jantar com ela. Agora imaginem eu, a lombriga e a múmia num local público. Nunca na vida! Expliquei-lhe que já tinha pessoas à minha espera, que ficava para uma próxima. E corri para a zona de pessoal como se duma meta se tratasse. Passado 45 minutos toca o telefona da cozinha. Era a minha colega a dizer que uma rapariga tinha perguntado por mim nos provadores, mas que entretanto se tinha ido embora (com a graça de Deus). Agora tenho medo, muito medo. Já houve uma gaja que viu o meu nome e foi à minha procura no hi5. E não é que me encontrou? Encontrou-me e andou a chatear a minha irmã para obter o meu email e ela era de bragança. Agora esta que deve morar ali por aquelas zonas. A outra ainda se percebe, miuda de vinte e poucos anos, agora esta já devia ter os seus trinta e muitos. Já devia ter idade para ter juízo. Pensava que só as celebridades e prostitutas é que tinham stalkers, agora vendedores... Poupem-me! Qualquer dia tenho de mudar de identidade não? Era o que mais me faltava
p.s.- o uso abusivo de "que's" no texto foi para dar mais realismo à coisa.