quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Mtas Prendinhas...

Espero que tenham tido um óptimo Natal, cheio de prendas. Muitas de vós, de certeza, recebeu um par de cuecas. É que vocês não imaginam o número de cuecas que eu embrulhei por dia na minha loja. Sinceramente minhas senhoras... Cuecas! Oferecer umas cuecas! Não há dinheiro para prendas, não há prendas! Agora cá lembrancinhas de cuecas e porcarias do género e o que conta é a intenção... Poupem-me. Isso é mesmo coisa de pobre. Olha se alguém me tivesse oferecido essa merda levava logo com as cuecas na tola. Prefirio que não me ofereçam nada. Mais vale uma sms ou um telefonema. Aiiiiiiiiiii!!!!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Se eu pudesse pedir um desejo ao Pai Natal...


...era uma trombose ao velho que mexia em tudo o que eu dobrava! Imaginem uma loja enorme, eu num cantinho a dobrar roupa e o cabrão do velho a vir lá do loooonnnngeee a arrastar-se tipo caracol, para vir desdobrar o que eu estava a dobrar. Foda-se! É que às vezes apetece dizer uns quantos!!! É que o velho nem olhou para a roupa. Foi mesmo para chatear ou passar o tempo enquanto o resto da família estava a pagar. Já não há centros de saúde e afins para eles irem passear??

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Chemical Brothers Beth Orton - Where do I begin

Oiçam!

Where do I star, where do I begin

Terminada a formação abrimos a nossa loja. Tinha uma equipa maravilhosa. Dávamo-nos todos muito bem. Éramos uma equipa. Havia coesão. Falo no passado porque parte da equipa já se foi embora. Como todos sabem, é raro alguém aguentar trabalhar muito tempo numa loja de roupa. Dou-me bem com todos (como já referi), mas melhor com uns do que com outros e há uma pessoa que eu gosto particularmente. É uma colega indiana. Tem um sentido de humor muito apurado. Por vezes melhor que o meu (na maior parte das vezes). É com ela que eu mais me "divirto" na loja! Temos uma sintonia muito forte. Não precisamos sequer de falar um com o outro. Basta apenas um olhar que já sabemos o que é que se passa. Eu adoro-a. E o mais engraçado é que não passa disso. Olhem, se tivesse que escolher uma irmã, seria ela! Então as estórias super engraçadas acontecem sempre quase com ela. Uma delas posso-vos já adiantar é com uma senhora que aparece por lá de vez em quando. A primeira vez que lá apareceu, confesso que apanhou-nos desprevenidos. A senhora não deve ter mais de um metro e meio. É magra, mas depois manda uma cabeça enorme (disporporcional), e para terminar tem o cabelo curto. Loiro meio platinado. Eu ando aqui às voltas na descrição porque a senhora não tem descrição possível. Eu quando a vi pela primeira vez, pensei que a senhora fosse uma drag queen reformada. Continuando a descrever o cabelo... A senhora tem também um alto no cabelo tipo, algo parecido com uma poupa mas em todo o couro cabeludo. Depois em vez de uma base, deve usar cal, porque a cara dela fica branca como a da branca de neve em dias de extrema palidez. Pôs-me um blush nas bochechas para ficarem rosadas, um baton vermelho vivo e as sobrancelha desenhadas com lápis. Agora imaginem isto tudo junto numa senhora de 50 anos. Ah depois toda vestida de castanho escuro. Umas calças de lycra e uma camisa lisa. E para terminar. Tchan tchan tchan tchan!!! Uns sapatos pretos "plataformas" tipo os bailarinos do alcântara-mar. A senhora dirige-se aos provadores para falar com a minha colega ( à procura de alguma uma camisa azul vivo). Ela apronta-se a dizer que não tem, mas que me ia indicar para eu procurar na minha secção. Então a Melissa (assim se chama ela) liga-me diz-me vou-te enviar uma pessoa, podes atender? Eu quando a vejo com o sorrisinho maldoso nos lábios a perguntar-me, quase a desmanchar-se a rir, se eu podia atender a senhora. E eu quase que me desmancho na cara da senhora quando a vejo. Aquele metro e meio com aquela indumentária castanha que mais parecia uma farda do star trek e o cabelo, a maquiagem e os belos dos andaimes. TEnho cá para mim, que a senhora ia aquelas convenções de fãs do Star Trek, mascarada de Spock! A senhora, muito simpática (coitada, mal sabe ela que estou aqui a desancá-la), pergunta-me muito sorridente com uma voz muito doce quase inaudível e fina, tipo Maria João (directora da escola da OT): olhe, por gentileza, eu gostaria de saber se não têm camisas em azul vivo. Eu andava à procura. Eu respondo-lhe que não, querendo-lhe mesmo é dizer-lhe tanta merda para perguntar se temos camisas em azul brega, e a senhora diz que é uma pena porque já procurou em todo o lado e as que há ela não gosta (vai-se lá saber porquê). Despeço-me com um sorriso, pensando para mim concentra-te, não te desmanches, é hoje que és despedido, e lá me dirijo para a caixa. A Melissa vem ter comigo já a rir por tudo o que é poros e diz-me logo não consegui resistir, tive que a mandar vir falar contigo. Tu tinhas de a ver. Só me fazia lembrar o Spock na nave espacial. Ri-me tanto quando a vi nos provadores. Mais ainda a ver-te a tentares controlar-te. Mas tu aguentaste-te bem.

Pois sim, respondi eu, sou um profissional!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Catchiiiiingue!!!!!


Não sei se deu para perceber mas supostamente, o título do post seria o barulho a caixa registadora a abrir para amealhar o dinheiro que os nossos clientes "depositam" na nossa loja. Pois bem! A última coisa que nós aprendemos a fazer na nossa formação (se bem me lembro) é caixa. Na minha opinião é o mais fácil. Depois de se aprender como funciona o sistema e estar-se concentrado é raro enganarmo-nos. E assim foi. Tive formação de caixa e até me saí bem. Só demorava muito era a dobrar a roupa e a pô-la dentro do saco. Ficava nervoso com as pessoas a olharem para mim, tipo "como é que esta a dobrar a roupa". Quando há muita fila não estou lá com grandes manias. Dobrar em quatro e boa tarde e obrigado. Se já tiveram tempo à espera, convinha que fossem atendidos o mais rápido possível. Houve uma que ainda me perguntou se não podia dobrar melhor a roupa. É claro que eu disse que sim com um grande sorriso. Demorei cinco minutos a dobrar a roupa. Olhou-e com os olhos que quase que a minha cara derreteu. A minha vontade era responder-lhe com outra pergunta. Dobrar melhor a roupa? Então porquê? Não me diga que não a lava antes de a usar oh sua porca!? Também é daquelas que quer ir experimentar cuecas? É que já houve uma cliente que foi experimentar cuecas e o meu colega (na caixa) quando pegou nas cuecas para vender à própria vinham com sangue. Alarme e tudo... Há com cada porca que nem vos passa pela cabeça!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Um mês de formação


Tive um mês de formação. E para quem pensa que foi muito tempo engana-se redondamente. Tive que decorar nomes de tantas coisas... Etiquetas, cabides, números de calças de homem, de senhora, números e copas de soutiens, blusas, tunicas, gabardines, trench-coats, como dispor os produtos na loja, preços, etc. Mil e uma coisas. Quem pensa que nós andamos a passear de um lado para o outro , engana-se. Enfim, nos meus primeiros dias não fazia muito, diga-se de passagem. Dobrava a roupa com uma tábua, aprendia em que cabides pendurar a roupa e como a alarmar. Era canja. Trabalhava bastante mas fazia-se nas calmas. De vez em quando é que tinha de aturar aquelas clientes chatas, que nos perguntam se não podemos ir buscar o número X de determinada peça. Ai, vocês não sabem como isso irrita.

- Pode-me ir buscar o 38 desta camisa.

- Se não houver lá, não há. Trabalhamos com stock zero! De qualquer das formas não posso abandonar o meu posto de trabalho... (digo isto com um grande sorriso nos lábios chamando-a de puta, cabra do car#lho no meu interior).

Sabem é que nós estamos lá parados nos provadores porque nos apetece, nós nem temos de ver quem entra e sai e confirmar o número de peças! Mas há sempre mulheres que gostam de se esticar. Se forem simpáticas (boas) e souberem pedir, ainda dou um jeitinho, caso contrário, ponho-as logo no seu devido lugar. Depois há outras que dá um gozo desgraçado. Vemos com cada figura! Gordas a querem vestir um quarenta, conjugações de peças horríveis, velhas a quererem usar corpetes. O que eu mais gosto é da parte do acha que me fica bem?. E eu respondo para aquela mulher sereia (metade mulher metade baleia) sim fica-lhe mesmo bem. É a sua cara!Parece a Victoria Beckam. Ela tinha um vestido parecido com essa numa revista que vi há dias! Vai se lá entender porquê mas as mulheres adoram ouvir dizer que são parecidas com alguma celebridade, mesmo por muito pirosas que sejam, como é o caso da Beckham... Depois há aquelas que nos julgam consultores de moda ou personal stylers que nos alugam durante horas. Por norma e para meu desgosto são sempre velhas ou aspirantes a britney spears, assim a atirar para o pop pimba (Ana Malhoa). Tenho estórias engraçadas sobre isso para contar, mas fica para uma próxima!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Ora então sejam bem-vindos a mais um blog entre os milhares já existentes! Este não é o meu blog original, já tenho um blog pessoal onde me identifico, mas este blog , por razões que irão entender posteriormente, vai ter um autor anónimo (eu), ou não identificado, como preferirem. Este blog tem um motivo para a sua existência muito lúdico: educar mulheres, já que não se sabem comportar no que toca a compras, saldos e afins. Conseguem ser mais selvagens que os bárbaros!

Eu trabalho naquelas lojas de multinacionais e afins tipo Zara, Pull and Bear, Bershka e afins, e vejo os comportamentos mais bizarros que não consigo guardá-los só para mim. Há coisas que têm que ser partilhadas.
Já se devem ter questionado a origem do nome do blog, o que tem uma explicação muito simples. Sou homem, hetero e trabalho numa loja de roupa pois tenho de pagar os meus estudos e tive de aprender a lidar da pior forma com o sexo oposto, no seu pior habitat (loja de roupa). Agora imaginem o que é um homem que não sabia distinguir uma t-shirt de uma sweat, ter que lidar com roupa interior feminina… Foi um choque. Terrível. E ao mesmo tempo que nós, homens, não conseguimos viver sem as mulheres, também as passamos a odiar a partir do momento em que trabalhamos numa loja de roupa. São o nosso amor e os nossos inimigos.
Posso então começar por vos contar como foi a minha primeira entrevista para a loja.
Cheguei ao balcão da loja e identifiquei-me e expliquei à menina que ia para a entrevista. Encaminharam-me então para uma sala onde me esperava uma responsável que me ia fazer a entrevista. Quando lá chego deparo-me com uma rapariga alta, morena, cabelos compridos, tipo avião. Ela e outra muito gira pediram-me para me sentar e apresentaram-se muito simpaticamente. Confesso que fiquei bastante intimidado. A rapariga era mesmo boazona. Mesmo como eu gosto, bonita alta e magra tipo manequim. Pensei logo “ui, isto começa bem, estou a gostar”.
Fizeram-me aquelas perguntas básicas tipo “o que é que farias se a loja estivesse um caos e cheia de gente, o que é que achas prioritário, o que farias se um colega teu roubasse algo, estás disposto a trabalhar até às tantas.” Quando me fui embora ainda dei um olhinho numas peças de roupa e a rapariga, que hoje é minha chefe de secção passou por mim. Os seus cabelos esvoaçavam e enquanto tudo em nosso redor continuava no seu ritmo normal, ela conseguia por magia andar em câmara lenta, tipo uma filme de adolescente norte-americano.
Enfim, lá passei na primeira fase e no dia seguinte chamaram-me para falar com a gerente da loja. Cheguei à loja e deparei-me com uma mulher! Mulher no verdadeiro sentido da palavra. Alta com curvas acentuadas, cabelo comprido e muito bem vestida. Corei, confesso, o que não é fácil, dado que sou mulato. Entrei na sala para falar com ela, super simpática, não era portuguesa, mas também não interessava nada. A mulher tinha um sex appeal que eu não sei. A senhora emanava sexo por todos os seus poros. E tinha um sorriso maroto. Pôs-me super à vontade, falou de si, perguntou-me sobre mim e fiquei contratado na hora. Fiquei deveras contente, pois era uma loja que eu gostava bastante, 70 porcento das minhas roupas eram de lá e o desconto até vinha a calhar. Só tinha uma preocupação. Iria ser explorado até não poderem mais. Sair tarde e a más horas sem me pagarem, trabalhar que nem um galego… Tudo isto até não foi a parte pior como eu pensava. Não me pagam mal, até é uma das empresas que paga melhor, a politica da empresa é óptima, têm-nos como uma peça HUMANA fundamental para o seu lucro e dão-nos espaço para mostrarmos o que valemos. Podemos fazer de tudo. Desde mudar a disposição da loja a executar tarefas que deviam ser feitas por tesoureiros, etc. Resumindo, confiam em nós e não nos vêm como algo descartável. Quanto às horas que ficamos a trabalhar até tarde, raramente acontece, e se acontece é só alguns minutos. E os nossos chefes são impecáveis, com uma capacidade de liderança exemplar. Estimulam-nos e fazem-nos sentir vitais. E também nos dão imensa formação. Temos formação de tudo e mais alguma coisa. É claro que nesse âmbito não posso entrar em muitos pormenores, pois não posso expor a empresa, como devem perceber. Parece as sete maravilhas não é? Mas digo-vos já que não. Há um factor fulcral nisto tudo. São os nossos clientes. Esses são uns chatos de primeira e é preciso ter muito cuidado em como abordá-los. E é sobre isso, basicamente que vos vou falar neste blog! Portanto, esperem para lerem. Acho que vão gostar. Eu gosto. É que se não fossem estas iguarias que se passam dentro duma loja de roupa, o meu trabalho iria ser muito entediante.