quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Where do I star, where do I begin

Terminada a formação abrimos a nossa loja. Tinha uma equipa maravilhosa. Dávamo-nos todos muito bem. Éramos uma equipa. Havia coesão. Falo no passado porque parte da equipa já se foi embora. Como todos sabem, é raro alguém aguentar trabalhar muito tempo numa loja de roupa. Dou-me bem com todos (como já referi), mas melhor com uns do que com outros e há uma pessoa que eu gosto particularmente. É uma colega indiana. Tem um sentido de humor muito apurado. Por vezes melhor que o meu (na maior parte das vezes). É com ela que eu mais me "divirto" na loja! Temos uma sintonia muito forte. Não precisamos sequer de falar um com o outro. Basta apenas um olhar que já sabemos o que é que se passa. Eu adoro-a. E o mais engraçado é que não passa disso. Olhem, se tivesse que escolher uma irmã, seria ela! Então as estórias super engraçadas acontecem sempre quase com ela. Uma delas posso-vos já adiantar é com uma senhora que aparece por lá de vez em quando. A primeira vez que lá apareceu, confesso que apanhou-nos desprevenidos. A senhora não deve ter mais de um metro e meio. É magra, mas depois manda uma cabeça enorme (disporporcional), e para terminar tem o cabelo curto. Loiro meio platinado. Eu ando aqui às voltas na descrição porque a senhora não tem descrição possível. Eu quando a vi pela primeira vez, pensei que a senhora fosse uma drag queen reformada. Continuando a descrever o cabelo... A senhora tem também um alto no cabelo tipo, algo parecido com uma poupa mas em todo o couro cabeludo. Depois em vez de uma base, deve usar cal, porque a cara dela fica branca como a da branca de neve em dias de extrema palidez. Pôs-me um blush nas bochechas para ficarem rosadas, um baton vermelho vivo e as sobrancelha desenhadas com lápis. Agora imaginem isto tudo junto numa senhora de 50 anos. Ah depois toda vestida de castanho escuro. Umas calças de lycra e uma camisa lisa. E para terminar. Tchan tchan tchan tchan!!! Uns sapatos pretos "plataformas" tipo os bailarinos do alcântara-mar. A senhora dirige-se aos provadores para falar com a minha colega ( à procura de alguma uma camisa azul vivo). Ela apronta-se a dizer que não tem, mas que me ia indicar para eu procurar na minha secção. Então a Melissa (assim se chama ela) liga-me diz-me vou-te enviar uma pessoa, podes atender? Eu quando a vejo com o sorrisinho maldoso nos lábios a perguntar-me, quase a desmanchar-se a rir, se eu podia atender a senhora. E eu quase que me desmancho na cara da senhora quando a vejo. Aquele metro e meio com aquela indumentária castanha que mais parecia uma farda do star trek e o cabelo, a maquiagem e os belos dos andaimes. TEnho cá para mim, que a senhora ia aquelas convenções de fãs do Star Trek, mascarada de Spock! A senhora, muito simpática (coitada, mal sabe ela que estou aqui a desancá-la), pergunta-me muito sorridente com uma voz muito doce quase inaudível e fina, tipo Maria João (directora da escola da OT): olhe, por gentileza, eu gostaria de saber se não têm camisas em azul vivo. Eu andava à procura. Eu respondo-lhe que não, querendo-lhe mesmo é dizer-lhe tanta merda para perguntar se temos camisas em azul brega, e a senhora diz que é uma pena porque já procurou em todo o lado e as que há ela não gosta (vai-se lá saber porquê). Despeço-me com um sorriso, pensando para mim concentra-te, não te desmanches, é hoje que és despedido, e lá me dirijo para a caixa. A Melissa vem ter comigo já a rir por tudo o que é poros e diz-me logo não consegui resistir, tive que a mandar vir falar contigo. Tu tinhas de a ver. Só me fazia lembrar o Spock na nave espacial. Ri-me tanto quando a vi nos provadores. Mais ainda a ver-te a tentares controlar-te. Mas tu aguentaste-te bem.

Pois sim, respondi eu, sou um profissional!

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